Estamos em pleno ano de 2011, mas atitudes medievais ainda teimam em acontecer nos esportes. Cadê o velho e pregado “espírito esportivo”?
Estou falando de PRECONCEITO. Estou falando da vergonha que é uma torcida composta por cerca de duas mil pessoas gritar “BICHA”, “BICHA”, “BICHA”, em coro, toda vez que um jogador vai fazer um saque. Triste não? Mas esta é uma história verídica, que está em toda a imprensa.
O caso aconteceu na última sexta-feira (dia 1º), há exatamante uma semana, envolvendo Michael, o meio de rede do time Vôlei Futuro (Araçatuba – SP). Ao saber do ocorrido, senti engasgado na garganta a necessidade de trazer, aqui para o Belas no Esporte, toda a situação.Era o primeiro jogo pelas semifinais da Superliga masculina entre Cruzeiro e Vôlei Futuro, partida realizada no Ginásio do Riacho, em Contagem, interior de Minas. Segundo relatório enviado pelo time de Araçatuba à Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), o ginásio estava superlotado e a cota de ingressos para a torcida visitante era pequena (apenas 50 ingressos!).
E o que foi que aconteceu? Talvez para desconcertar a equipe de fora, o público começou a xingar ofensas a Michael. Em entrevista ao GloboEsporte.com, o jogador desabafou: “O ginásio estava superlotado e todos me chamando de ‘bicha’, ‘gay’ e outras ofensas. Me sinto ofendido e constrangido pelo ocorrido; não eram só alguns torcedores (…), eram crianças, mulheres, o ginásio inteiro gritando e me ofendendo. Eu poderia ter jogado melhor se não tivesse passado por esse constrangimento”.
Durante a partida, preocupado com as ofensas dirigidas ao companheiro de equipe, o levantador Ricardinho tentou dar apoio a Michael e ficar o mais próximo possível dele Após o jogo e em reação ao relatório enviado pelo Vôlei Futuro à CBV, o Cruzeiro, em comunicado oficial, disse que o que se viu durante a partida foi uma “torcida animada que deu um show nas arquibancadas” e que a tentativa de “desvirtuar essa vitória é característica de mau perdedor, que não valoriza e nem respeita o esforço do adversário”. Pode? Fazer “vista grossa” diante de algo assim???
O fato é que um aspecto positivo essa confusão toda teve. Quatro dias depois, Michael assumiu sua opção sexual. Deve ter sido um alívio para ele. Só não precisava, de jeito nenhum, que tivesse passado por isso tudo…
Fonte:Futrico.com